11.2.11

O Histórico Discurso do Vereador Valmir Ludvig na noite do apagão ético na Câmara de Vereadores


No dia 8 de Fevereiro de 2011, dia em que a Oposição se acovardou e sumiu da câmara de vereadores para não votar as contas reprovadas pelo TCE do ex prefeito ciro roza, o vereador Valmir Ludvig, do Partido dos Trabalhadores, proferiu um discurso emblemático, que promete repetir na presença dos vereadores, quando novamente tiverem coragem de aparecer no plenário da casa.

Reproduzo aqui.



Discurso na Tribuna da Câmara – 08/02/11


Gostaria de dizer que nós temos uma oportunidade única de enterrar definitivamente uma política que tanto mal fez à nossa cidade. Uma política baseada no destempero, despreparo de um governo megalomaníaco e narcisista,  que se colocou acima de tudo e de todos e tomou conta da lei em nossa cidade e numa parte de nossa região e  até do nosso estado. Um governo que se impôs pelo clientelismo, pelo medo, pelo autoritarismo, pelo pavor, pela corrupção. Um governo que transformou seu gabinete numa sala dos mais espúrios negócios e práticas bisonhas. Um governo que toda a cidade, todos os cantos sabem o que fez, o que foi, mas que por um longo período se calou pelo medo de retaliações. Um governo que uma parte da população apoiou enquanto tirava vantagens pessoais ou para seus grupos. Estamos falando seu presidente, do ex-alcaide. Um governo onde grande parte do empresariado foi conivente, outros calaram e outros ainda tiveram o medo maior que a coragem de denunciar.
De 2.000 a 2.004, quando era vereador, seu presidente, ameaças e acusações de não querer o bem da cidade, também sofri, como tantos outros. É de se louvar aqui também a luta dos vereadores da época:  Fabrício, Dirlei, Ademir, Júlio e Bianchi, bancada de oposição que também fiz parte, que tinha brilho próprio e cada um a seu modo denunciou todas as barbaridades e as consequências de tantos atos impensados, ou pensados para benefício próprio,  de muita gente do governo à época, que também foram coniventes. As consequências do que falávamos à época, estão acontecendo de forma clara hoje.  
Particularmente fico feliz por ter evitado que o ex-alcaide levasse 35 milhões de superfaturamento da obra Beira Rio,  que poderia estar bem mais adiantada não fossem essas falcatruas e desvios. Aliás, isso que falo comprovado pelo documento que tenho em mãos. Se alguém quiser ver, recebi ainda na última sessão, foi lido,  referente aos 65 milhões daquela grande obra, onde 35 milhões foi constatado de superfaturamento.  Seiscentos e tantos mil reais, solidariamente com a empresa E.I.T., o ex-alcaide tem que pagar aos cobres públicos. Recebi esse documento semana passada. (Denúncia que fizemos  em 2001 ao TCU)
Estamos diante de quatro contas rejeitadas (hoje três, mas são quatro), que não foram fruto de inexperiência, erros técnicos. Nada disso! São contas de obras dadas como acabadas, como mostramos aqui, que nem saíram do papel. De empréstimos para obras que nunca não foram concluídas, nunca foram pagas, mal acabadas e outras que nunca existiram.
Como que uma Casa que é para fiscalizar vai deixar passar falcatruas mais do que comprovadas? Como uma casa que faz, só no ano passado 40 pedidos de informação, fora os do outro ano, para o governo atual, mostrando-se – diz pelo menos – preocupada com o bom uso do dinheiro público - trata de forma diferente o caso gravíssimo que ora analisamos?
Que oportunidade temos!
Até quando uma pessoa vai continuar ditando as normas quando não tem moral para tanto? Até quando nós vereadores, especialmente os que sustentaram esse governo que passou vão ficar presos, amarrados, dependentes  de um governo que representou o atraso, a falta de ética, a imoralidade?
Que oportunidade temos!
Senhor Presidente, quantas assinaturas talvez muitos tiveram que fazer sem necessariamente saber o alcance dos estragos que poderiam causar?
Quantas reclamações escutei de tanta gente em relação à prática política do governo que agora está com as contas rejeitadas! Todos os que sustentaram essa política durante anos por conveniência, medo ou questão de sobrevivência, tem essa oportunidade de se recuperar perante a história da nossa cidade.
Quantos funcionários dessa época podem se redimir, fazer justiça aos cidadãos que pagaram e pagam seu IPTU, seus impostos, que aliás deixaram de ser negociados no gabinete. A oposição vai fechar os olhos para todos os desvios feitos pelo governo do ex-alcaide?
Vereadores que são advogados: que oportunidade única de desfazer tantos boatos em relação à Justiça de Brusque durante esse período!
Tive a oportunidade de dizer aos vereadores próximos do ex-alcaide o que penso deles e do governo que fizeram.  Livrem-se disso!! Acabemos  com essa agonia!
A mídia, com todo o respeito, que também largue de ser tão  generosa com espaços e entrevistas com alguém que não respeita, nem a mídia  e nunca respeitou ninguém nessa cidade.
Tanta gente boa na UPA e alguém que apronta tudo o que aprontou ainda é reconhecido na urna por uma boa parte da população que por falta de informação e outros tantos por imitação de tirar vantagem em tudo quase elegeram esse cidadão. E agora, o partido que deveria - para o seu próprio bem e não criar desgaste - dar um chega para lá, fica ajeitando um espaço mostrando sua conivência com essas práticas espúrias.
Estamos diante de um marco, seu presidente! Dar um basta nessa política que se arrastou durante anos deixando nossa cidade com maquinário sucateado, sem comunicação com as entidades, calando a tudo e a todos que fizessem qualquer questionamento. É hora de um basta definitivo num ente político que tem inúmeros processos que envergonham nossa classe política com vontade de acertar e fazer o melhor pela nossa cidade e por nosso país!
Enterremos de vez essa prática de assédio moral e tantas práticas do pior nível para se manter num trono de um império construído na base do que se tem de pior na política.
E faço, continuando a fazer um desafio. De 2.000 a 2.004, seu presidente, fiz o seguinte desafio: que venha para debate, em qualquer rádio, em qualquer lugar. Um minuto pra ele, um minuto pra mim. Dois pra ele. Dois pra mim. Cinco minutos pra ele. Cinco minutos pra mim. Em qualquer lugar. Continua o desafio de pé, seu presidente. É preciso a gente debater e não se esconder diante da autoridade que se tem pra amedrontar, pra ameaçar e a tudo aquilo que aconteceu durante tanto tempo nessa cidade. As inverdades ditas em entrevista... Enfim seu presidente, espero que a gente enterre de vez essa prática.
E pra encerrar, seu presidente, a minha fala, pra encerrar, agradeço sua generosidade, um minuto pra encerrar, dizer apenas o seguinte: em nível pessoal, seu presidente, não tenho nenhum desejo, não desejo, sinceramente mal a ninguém, mas aquilo que a gente faz com o dinheiro público, a gente deve pagar, a gente deve recuperar toda a estima da população e o esforço que a população faz através do seu trabalho, enfim.
Valmir Coelho Ludvig – Vereador (PT)

1 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns ao Ludvig, se metade dos políticos e metade dos professores fossem assim, teríamos um país melhor há muito tempo.

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